Orgulho atravessa seis décadas e meia
Assustado com o enfraquecimento dos últimos anos, o escotismo gaúcho encontra o consolo em um orgulho: conta com um dos mais antigos escoteiros em atividade do Brasil.
O advogado e jornalista José Ferreira Machado, 73 anos, ainda veste o traje e põe o lenço todo fim de semana, mesmo depois de seis décadas e meia.
O gesto se repete como retribuição a uma lição que recebeu em 1954 do porto-alegrense Lino Schiefferdecker, um dos principais nomes brasileiros do movimento. Depois de largar os estudos na 4ª série, em Porto Alegre, ele se convenceu a voltar à escola numa palestra do chefe. A trajetória só terminou na universidade - como professor.
- Devo 90% do homem que sou ao escotismo. Por isso, continuo na ativa - justifica o jornalista, que ajudou a abrir pelo menos 20 grupos escoteiros na região de Caxias do Sul, onde mora.
Mesmo se não se sentisse comprometido com o escotismo, Machado ainda o seguiria. O movimento, que ele conhecia desde os nove anos, já o havia seduzido. Era uma época em que barracas a ar, eletricidade e GPS não tinham chegado aos acampamentos. Foi graças a essas experiências que ele deu suas primeiras braçadas ao estilo "cachorrinho", ganhou lições de primeiros socorros e construiu seu caráter.
Apesar do abismo de 64 anos que o separa do jornalista, o estudante Kalleo de Oliveira Vargas, 10 anos, mantém semelhante encanto. Há um ano, ingressou no Grupo Escoteiro Riachuelo, em Rio Grande, por influência de um amigo. Nem pensa em largar o movimento.
- Internet não é tão legal como as atividades como escoteiro. Aqui, a gente aprende na prática a viver o futuro - afirma.
São reações como a de Kalleo que reanimam as esperanças de Machado e de outros líderes brasileiros. A retomada não reergueria apenas o escotismo gaúcho, mas devolveria o crescimento ao movimento no país, estagnado nos últimos anos em 60 mil escoteiros.
A reversão de tendência colocaria os brasileiros na trajetória mundial de ascensão da prática, embalada principalmente pela expansão em países preocupados com a educação, como a Coréia do Sul.
Nenhum comentário:
Postar um comentário